Aos 17 anos, em 1906, ele conseguiu residir no Recife para estudar no Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco com a ajuda do tabelião local Leobardo Carvalho, graças ao apoio de contribuições arrecadadas por um padre. É possível que ele tenha morado em um convento durante esse período. A escola, que ensinava ofícios de Desenho, Aritmética e Arquitetura, tinha como objetivo formar artífices para a indústria e oferecia educação de nível médio. Bibiano demonstrou talento e dedicação, o que levou um de seus trabalhos a ser selecionado para o Salão Nacional de Belas Artes de 1908, uma competição disputada promovida pela Escola Nacional de Belas Artes na Capital Federal, Rio de Janeiro. Ele recebeu uma medalha de prata por seu trabalho.
Após ser amplamente requisitado, ele inaugurou um ateliê nas proximidades do Teatro do Parque, localizado na Rua do Hospício, número 71, onde também passou a residir. Foi nesse mesmo endereço, no ano de 1927, que ele criou algo singular em sua carreira artística. Inspirado pelos eventos mundiais da época, ele retratou o hidroavião Jahú, o primeiro a cruzar o Atlântico Sul sem escalas em abril daquele ano. Quando o hidroavião fez uma parada em Recife, a cidade aplaudiu o piloto paulista João Ribeiro de Barros e, acompanhando as autoridades no desembarque no Porto do Recife, Bibiano levou sua filha, Lectícia, que entregou uma rosa ao destemido paulista. A escultura que Bibiano havia criado era uma homenagem a essa façanha e foi posteriormente instalada no Largo da Encruzilhada. Na obra intitulada Netuno, o Rei das Águas – sempre representado como um personagem grego – envia uma onda para apoiar a nave.
Em 1938 já na Escola Nacional de Belas Artes, Bibiano desfrutava de grande prestígio na Capital Federal, onde morava, foi selecionado para esculpir o busto do então presidente Getúlio Vargas, que posou especialmente para ele³. Atualmente, a obra pode ser apreciada no Palácio do Catete.
3 RODRIGUES, Nise de Souza. O grupo dos independentes: arte moderna no Recife – 1930. Recife: Editora da Aurora, 2008, p. 72.
O processo de modelagem em argila de uma escultura é uma técnica tradicional que tem sido usada há séculos:
Escolha do material: A argila é um material popular para modelagem de esculturas, pois é fácil de trabalhar e permite muita flexibilidade. Existem diferentes tipos de argila disponíveis, com diferentes características, como argilas à base de água e argilas à base de óleo.
Preparação da argila: A argila antes de ser usada deve ser preparada, isso geralmente envolve amassá-la adicionando água para se obter a consistência desejada. A argila também pode ser aquecida em um forno antes de ser modelada, para torná-la mais maleável.
Esboço da escultura: Esboçada a forma geral da escultura em uma base sólida, como um bloco de madeira é necessário mantê-la estável afim de evitar que ela se desfaça durante o processo de modelagem.
Modelagem: Usa-se as mãos e as ferramentas adequadas para esculpir a argila na forma desejada, começando com as formas básicas e adicionando detalhes gradualmente. A argila é trabalhada em camadas e aperfeiçoado cada detalhe até se obter o resultado desejado.
Segundo informações obtidas através de sua neta Anna Cecília, a cada fim de tarde ao sair do seu atelier no Espaço Benfica (continuidade da Escola de Belas Artes de Pernambuco), Bibiano contava com a ajuda de seu Luiz e de seu irmão Severino, funcionários da instituição, sem os quais ele dizia ser impossível realizar seu trabalho. Bastante dedicado, seu Luiz tinha como uma de suas funções; limpar e guardar todos os instrumentos utilizados, cuidar do forno, munir de gesso o atelier e providenciar todos os materiais necessários para o processo de criação, assim como envolver em tecido úmido os trabalhos que Bibiano ainda não tinha concluído, para que a argila não secasse evitando rachaduras no modelo.
Seu Luiz ou Seu Severino, pontualmente às manhãs, organizava e preparava todo o material para o grande mestre extrair da forma básica todos os detalhes para a realização da escultura. Um dos dois irmãos retornava à tarde para envolver os modelos nos tais panos umedecidos. Quando empolgado Bibiano ficava até mais tarde no atelier envolvendo, ele mesmo, as esculturas nos tecidos.
Ainda na argila, os trabalhos exigiam ficar permanentemente úmidos fazendo com quê mesmo em dias sem trabalho, como feriados, Bibiano ou um dos irmãos fossem ao atelier para umedecê-los. Em suas viagens Bibiano sempre contou com o empenho de Seu Luiz e de seu Irmão Severino, livre de preocupação.
O bronze é o metal mais comum para esculturas. A liga é composta por cobre, estanho e chumbo. O método de fundição mais usado é o da cera perdida. Um modelo em argila é feito, um molde é criado, e é adicionada uma camada de cera para formar a peça. O molde é reforçado e o metal é vertido. Depois que esfria, a peça é desmoldada e corrigidos os defeitos. Finalmente, a peça é polida e tratada com materiais corrosivos para formar uma pátina.
Antes de começar a esculpir um bloco de pedra ou moldar uma peça de argila, é importante que o escultor tenha uma ideia clara do que quer criar.
Essa ideia é representada em um desenho, que ajuda o escultor a visualizar o objeto em três dimensões e a pensar em como ele será criado. O desenho também pode ser usado como um guia técnico, mostrando as proporções precisas e as dimensões do objeto final.
O desenho técnico é feito em um papel milimetrado, que permite que o escultor defina as dimensões da obra em uma escala precisa. Isso é importante para que a obra seja proporcional e harmoniosa, mesmo quando é ampliada ou reduzida para se adequar a diferentes espaços.
No início do século XIX, os escultores frequentemente buscavam oportunidades de concurso de esculturas em cidades da América Latina que estavam se modernizando segundo o modelo europeu.
Em 1923, quando tinha 34 anos de idade, Bibiano Silva participou do Salão de Belas Artes no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele expôs o original em gesso patinado do Monumento Comemorativo ao Centenário, criado para o Estado do Rio Grande do Norte.
A partir de 1958, Bibiano iniciou a criação de um conjunto de esculturas destinado ao campus da antiga Universidade do Recife. Uma das séries de esculturas incluía o Monumento a Joaquim Amazonas, que dá nome ao campus do Recife.
Um busto é uma escultura que retrata a cabeça, o pescoço e os ombros de uma pessoa; geralmente uma personalidade pública, considerado importante em um determinado momento histórico. Essas esculturas podem ser feitas a partir de um modelo vivo ou de fotografias da personalidade retratada.
Em 1909, aos vinte anos de idade, iniciou sua formação na Escola Nacional de Belas Artes, situada no Rio de Janeiro. Essa instituição, criada em 1816 por Dom João VI com o nome de Escola Real de Ciências, Arte e Ofícios, era considerada uma das mais prestigiosas do país e oferecia cursos superiores na área de artes. Durante seu período de estudos, Bibiano teve como referência o professor Rodolfo Bernardelli, que o inspirou a seguir seus passos na carreira. Ele se dedicou a aprender com o artista mexicano não apenas em relação aos estudos e à prática artística, mas também na produção de obras tumulares, monumentos comemorativos e bustos de personalidades.
O interesse do público pelas obras do artista foi despertado pelas premiações que repercutiram em Pernambuco. Em 1916, o artista esculpiu dois bustos de Emídio Dantas Barreto, que havia acabado de deixar o Governo do Estado. Uma das esculturas pode ser encontrada no início da avenida que leva o nome do ex-governador, enquanto a outra está localizada no Parque 13 de Maio, ambos endereços no Recife.
Os moldes de gesso retirados da argila eram enviados para serem fundidos em São Paulo na Fundição Zani e no Rio de Janeiro na Fundição Cavina. Entre seus amigos estava Humberto Cavina, proprietário da fundição. Humberto também foi seu colega no Salão de Arte de 1913, onde recebeu a medalha de prata.